Tudo está bem agora

- Tudo está bem agora, tudo está bem agora... - repetia, incansavelmente, a avó ao garotinho assustado com os trovões lá de fora.

A cada clarão, parava o coração. Ganhava vida de volta, pouco antes do barulho sucessor, para congelar novamente.

Lá fora, tempestades assombrosas provocavam os moradores da casa, ao baterem no vidro da janela, anunciando a escura presença.

E a avó, sabedora das coisas, e por um dia não ter sido, continuava:

- Tudo está bem agora, tudo está bem agora...


Decerto sua voz não era mais alta que os trovões, nem mais forte que a fúria da chuva, porém a docilidade de seu coração era capaz de acalmar as mais densas preocupações do neto, a fim de que, um dia, ele o fizesse a outro alguém ameaçado.


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